O cenário brasileiro nos livros nacionais - Parte 3

| 3 comentários

Essa é, infelizmente, a última parte dos post sobre "O cenário brasileiros nos livros nacionais" e também a minha despedida da Maratona Setembro Nacional. Na verdade, a Maratona acabou na quarta (30/09), mas como tive problemas com o computador resolvi adiar.

Eu amei pesquisar e descobrir autores para trazer para vocês. Foi maravilhoso, e gostaria de agradecer, mais uma vez, a idealizadora da ideia... Marcella, você é demais!

Vamos fazer um resumão? 
Tivemos em nosso primeiro encontro a participação das autoras Tais Cortez e Jana Bianchi, que iram comentar sobre a região de São Paulo. Em nosso segundo encontro, contamos com a presença de Catia Mourão, Jorge Castro e Marcella Rossetti, que vão falar sobre as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Santos. E hoje teremos a participação de Thais Lopes, Mari Scotti e Lauro Kociuba.

Todos os convidados são escritores de fantasia (coincidência, né?) e foram indicados por leitores do blog.  O cenário de hoje será bem diversificado, iremos de Belo Horizonte para São Paulo e teremos nosso destino final em Curitiba.

Thais Lopes - Belo Horizonte
BLOG: Como foi escrever e descrever no seu livro o cenário brasileiro?
AUTORA: Foi MUITO complicado. Comecei a escrever o Ciclo da Morte em cenário brasileiro porque achei que ia ser mais fácil fazer a história se passar em um lugar que eu conhecia. Achei que ia dar menos trabalho. Ledo engano rsrs. Fazer com que a ideia que estava na minha cabeça funcionar na cidade foi um pouco mais complicado do que eu esperava, e a história acabou ganhando algumas coisinhas que eu não tinha pensado por causa da ambientação.Sobre descrever o cenário... Bom... Eu já tenho um problema com descrições normalmente. Descrever lugares que para mim são (eram) cotidianos foi uma luta, e mesmo assim hoje paro e vejo que não descrevi quase nada rsrsrs

BLOG: Qual foi a região/lugar/cidade escolhida? E por quê ?
AUTORA:  O Ciclo da Morte começou de forma despretensiosa, com uma conversa no telefone sobre possíveis colegas de apartamento. Então foi meio que natural usar Belo Horizonte e os lugares por onde eu passava na época. Tanto que o conjunto onde a Kelene mora é o conjunto onde eu morava na época. Infelizmente não tenho fotos aqui, e o calor está demais para eu criar coragem de ir lá.

BLOG: O cenário brasileiro descrito nos livros nacionais ainda causa um certo pré-conceito nos leitores. Na sua opinião, isso se de a que fato?
AUTORA: São vários fatores, na verdade. Primeiro é aquela cultura do 'o que vem de fora é melhor'. Já vi muita gente falando que não se interessa por livros que se passam no Brasil porque 'Brasil é sem graça'. Sério mesmo? ¬¬ Juro que não entendo essa visão de que em outros países (e especialmente nos EUA) tudo é mais e melhor. A segunda questão é o preconceito literário MESMO. Ainda tem muita gente que só pensa em livro nacional como sendo os clássicos, aqueles que a gente conhece (e muitas vezes toma raiva) na escola. E também tem muita gente que ainda tem enfiado na cabeça que livro nacional obrigatoriamente vai ter qualidade mais baixa que os internacionais (e isso volta lá na primeira questão). Complicado...



Mari Scotti - São Paulo
BLOG: Como foi escrever e descrever no seu livro o cenário brasileiro?
AUTORA: Foi mais fácil. Eu escrevia fanfics ambientadas em Forks (Crepúsculo) e é um lugar que eu não conheço, então precisava ler o livro várias vezes quando tinha duvida sobre algum lugar. Ambientar em São Paulo e em cidades próximas que já visitei, facilitou muito a movimentação dos personagens. Pouquíssimas coisas eu inventei ou pesquisei na internet.

BLOG: Qual foi a região/lugar/cidade escolhida? E por quê ?
AUTORA: São Paulo. Para Híbrida foi a região do Ipiranga, do Centro e Horto Florestal e para Insônia escolhi o Ipiranga. Escolhi porque são lugares que eu conheço.

BLOG: O cenário brasileiro descrito nos livros nacionais ainda causa um certo pré-conceito nos leitores. Na sua opinião, isso se de a que fato?
AUTORA: Penso que não. O preconceito estava mais nas editoras (acho eu) e até isso temos vencido. A reação dos leitores ao lerem livros que se passam em lugares que são possíveis deles conhecerem é fantástica e para quem mora na cidade onde a história acontece, é mágico. Sempre recebo mensagens de leitores que andaram de metrô e lembraram de Híbrida. Ou foram ao Museu do Ipiranga (jardim do museu) e lembraram de Insônia. Adoro.




Lauro Kociuba - Curitiba
BLOG: Como foi escrever e descrever no seu livro o cenário brasileiro?
AUTOR: Ao mesmo tempo em que foi extremamente divertido e familiar, foi também temeroso, pois há certo receio de leitores para com a fantasia nacional, imagine então ambientada no Brasil. Mas, aceito isso (como desafio ou simplesmente “por que não?”), foi um processo muito legal. Sendo um cenário do nosso pais, gera-se uma empatia, uma sensação de pertencer e proximidade do escritor, de quase poder alcançar e tornar real sua fantasia.
BLOG: Qual foi a região/lugar/cidade escolhida? E por quê ?
AUTOR: Minha primeira história se passa em Curitiba. Exatamente no centro antigo da cidade. O motivo pelo qual escolhi é pela familiaridade. Eu moro na região e passei minha juventude no centro antigo, indo para lá depois da aula. Quando tive o insight para escreve o livro, como uma fantasia urbana, eu percebi que a região se encaixava perfeitamente para o que eu queria. Havia as lendas urbanas, túneis antigos, parques e praças sombrios, e algumas margens criativas na própria história da cidade

BLOG: O cenário brasileiro descrito nos livros nacionais ainda causa um certo pré-conceito nos leitores. Na sua opinião, isso se de a que fato?
AUTOR:  Eu comentei na primeira pergunta, mas vamos reforçar, rs. O preconceito, ao meu ver, tem certo fundamento. A fantasia nacional está numa evolução enorme, acompanhando a evolução mundial. Mas, aqui, ainda é um pouco baseada em tentativa e erro, não há uma tradição de escritores de fantasia. A profissão (isso quando é vista como tal) normalmente é secundária e assumida “na prática”, escrevendo e aprendendo com os próprios erros. É um modo difícil e atribulado de escrever, e acaba por gerar livros com problemas, desde a narrativa até a finalização. Esses problemas nos livros vão chegar aos leitores acostumados com obras estrangeiras, conceituadas lá fora, que passaram por várias edições, revisões, uma tradução de qualidade até chegar a eles. Então, na maioria das vezes, a decepção e “trauma” será enorme, causando uma aversão a escritores nacionais.
Que dirá então a escritores nacionais escrevendo no Brasil. Além disso, acho que a literatura fantástica muitas vezes é uma ferramenta para ir “longe”, é um pouco desconfortável ao leitor conseguir desconstruir isso.

Conheça os livros dos autores:


          

           

              


P.S: Ao clicar na imagem você será redirecionado ao skoob do livro.

Foi isso pessoal, espero que tenham gostado. Só tenho a agradecer aos autores que participaram desse movimento, muito obrigado, mesmo. E já estou sentindo saudades da Maratona, simplesmente foi uma experiência maravilhosa. E espero participar mais vezes. 

3 comentários:

  1. Já li o Ciclo da Morte, de Thais Lopes e é muito bom conhecer um pouco mais sobre os "bastidores" da criação do cenário :)

    ResponderExcluir
  2. Menina, ameiii! Obrigada por lembrar dos meus livros. Eu amo escrever em cenários nacionais, mas ultimamente peguei gosto por inventar cidades também haha.
    Linda matéria.
    Beijão, mari Scotti

    ResponderExcluir
  3. Muito legal quando as pessoas começam a se embrenhar nesse mundo dos livros nacionais.. temos muitos autores maravilhosos que merecem atenção! Parabéns o blog esta lindo, a postagem de primeira :D
    espero um dia fazer parte dos seus posts com o meu livro kkkkkk

    Bjoooooooooooooo
    Naty Rangel

    ResponderExcluir

O blog Miih e o Mundo Literário agradece pelo comentário.